por Lucas Magalhães
Statins e ALS: O Que a Evidência Atual Realmente Mostra
30 out, 2025Verificador de Segurança das Estatinas
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Se você toma estatinas para controlar o colesterol, já deve ter ouvido algum boato: será que esses medicamentos podem causar ALS? A doença de Lou Gehrig, uma condição neurodegenerativa devastadora, parece estar ligada a estatinas em alguns relatos - mas será que isso é verdade? A resposta não é simples. A ciência não aponta uma ligação direta, mas também não fecha a porta. O que realmente importa é entender o que os dados dizem - e o que eles não dizem.
O que são estatinas e por que elas são tão usadas?
Estatinas são medicamentos prescritos desde os anos 1980 para reduzir o colesterol LDL, o chamado "mau colesterol". Elas funcionam bloqueando uma enzima no fígado chamada HMG-CoA redutase, que produz colesterol. Medicamentos como atorvastatina (Lipitor), simvastatina (Zocor) e rosuvastatina (Crestor) estão entre os mais vendidos do mundo. No Brasil e nos EUA, mais de 39 milhões de pessoas tomam estatinas todos os anos. O motivo é claro: elas reduzem o risco de infarto e AVC em pessoas com histórico cardiovascular ou fatores de risco. O benefício é comprovado, pesado e bem documentado.
De onde veio a preocupação com ALS?
A preocupação começou em 2007, quando a FDA (Agência Americana de Medicamentos) começou a receber relatos espontâneos de pacientes que desenvolveram ALS após usar estatinas. Esses relatos não são provas - são apenas sinais de alerta. Em 2008, a FDA analisou 41 estudos clínicos controlados, envolvendo milhares de pacientes, e não encontrou aumento no número de casos de ALS entre quem tomava estatinas. A conclusão foi clara: não há evidência de que estatinas causem ALS. Mas o boato persistiu.
Desde então, estudos grandes e pequenos, de diferentes métodos, trouxeram resultados conflitantes. Alguns sugerem risco. Outros, proteção. E alguns nem conseguem encontrar uma conexão.
Estudos que apontam risco - e por que eles podem estar errados
Um estudo de 2024, publicado no Sciety, usou uma técnica chamada "Mendelian Randomization" para tentar provar que estatinas causam ALS. Os resultados foram impressionantes: atorvastatina aumentaria o risco em 17 vezes, rosuvastatina em 693 mil vezes. Esses números soam como um alarme. Mas são também impossíveis.
Essa técnica analisa variações genéticas para inferir causas. Mas ela tem um problema: pode confundir efeitos indiretos com causas reais. O valor de 693 mil vezes para rosuvastatina é um sinal claro de erro metodológico - algo que a comunidade científica já questionou. Estudos como esse geram atenção, mas não devem mudar práticas clínicas.
Outro estudo de 2024, publicado na revista Neurology, encontrou uma ligação entre o uso curto prazo de estatinas e aumento de ALS. Mas isso não significa que a estatina causou a doença. Pode ser o contrário: pessoas com sintomas iniciais de ALS - como fraqueza muscular - vão ao médico, recebem diagnóstico de dor muscular e, por engano, são prescritas estatinas. É um fenômeno chamado "causalidade reversa". A doença já estava lá. A medicação só foi adicionada depois.
Estudos que mostram proteção - e o que isso significa
Enquanto alguns estudos apontam risco, outros mostram o oposto. Um grande estudo norueguês, publicado em março de 2024, analisou 524 pacientes com ALS e comparou quem tomava estatinas com quem não tomava. Os resultados? Nenhuma diferença na sobrevivência. O risco de morrer antes era o mesmo. A mediana de sobrevivência foi de 2 anos, independentemente do uso de estatina. E o que mais importa: quem continuou tomando estatinas teve melhor prognóstico - não por causa da estatina, mas porque parar a medicação pode piorar a saúde cardiovascular, o que afeta o corpo todo.
Outro estudo, liderado pelo Dr. Marc Weisskopf da Harvard, descobriu que pessoas que usavam estatinas por mais de 3 anos tinham menor risco de desenvolver ALS - especialmente homens. Isso sugere que, em longo prazo, as estatinas podem ter efeitos protetores. Como? Talvez por reduzir inflamação no cérebro. Estudos em camundongos mostraram que a lovastatina e a atorvastatina reduziram a perda de neurônios motores em até 30%. Isso não é cura, mas é um sinal de que essas drogas podem interagir com processos neurodegenerativos de forma positiva.
O que dizem as principais autoridades médicas
Organizações de renome mundial mantêm uma posição unânime: não há evidência de que estatinas causem ALS.
- A FDA reafirmou em 2008 e ainda mantém: "Profissionais de saúde não devem mudar suas prescrições. Pacientes não devem parar de tomar estatinas por medo de ALS."
- A Mayo Clinic, em atualização de janeiro de 2024, diz: "Não há evidência confiável de que estatinas causem ou desencadeiem ALS."
- A Agência Europeia de Medicamentos concluiu em 2023 que "a evidência disponível não confirma uma relação causal".
- A American Heart Association ainda considera estatinas como primeira linha de tratamento para risco cardiovascular.
Essas organizações não estão ignorando os relatos. Elas estão olhando para os dados completos - e não para histórias isoladas.
O que os pacientes realmente vivem
Na prática, muitos pacientes com ALS param de tomar estatinas - e isso é perigoso. Um estudo mostrou que 21% dos pacientes com ALS interromperam o uso de estatinas nos 12 meses antes do diagnóstico. Por quê? Porque os primeiros sintomas da ALS - fraqueza muscular, dor, fadiga - são parecidos com os efeitos colaterais comuns das estatinas. A confusão é natural. Mas parar a medicação por medo pode ser pior.
Dr. Kristin Krüger, da Universidade de Oslo, observou que pacientes que pararam as estatinas tinham pior prognóstico. Mas isso não foi por causa da estatina. Foi porque, ao parar, perderam a proteção cardiovascular. O corpo já estava fraco. A estatina, na verdade, estava ajudando.
Um levantamento feito por neurologistas nos EUA mostrou que 35% dos pacientes com ALS perguntam se devem parar de tomar estatinas. E 12% realmente param. Isso expõe essas pessoas a riscos evitáveis: infarto, AVC, morte prematura por problemas cardíacos - enquanto a ALS continua seu curso inevitável.
O que você deve fazer se tem ALS e toma estatina
Se você foi diagnosticado com ALS e toma estatina por causa de colesterol alto, pressão alta, diabetes ou histórico familiar de infarto - não pare de tomar. A menos que seu médico diga o contrário.
A Academia Americana de Neurologia, em suas diretrizes de 2023, recomenda claramente: "Continue a terapia com estatinas em pacientes com ALS que têm indicação cardiovascular estabelecida."
Se você sentir dores musculares intensas, fadiga extrema ou fraqueza que piora rapidamente, fale com seu médico. Mas não assuma que é a estatina. Pode ser a própria ALS. O que importa é diferenciar o que é efeito colateral da medicação do que é progressão da doença.
O que o futuro traz
A pesquisa continua. O CDC está financiando novos estudos, incluindo um que vai acompanhar 10.000 pessoas que usam estatinas por 5 anos para ver se há alguma ligação com ALS. Esses dados vão ajudar a esclarecer se há diferenças por sexo, idade, tipo de estatina ou duração do uso.
Os cientistas também estão investigando se estatinas podem ter efeitos neuroprotetores - não apenas em prevenção, mas talvez até no atraso da progressão da doença. Isso ainda é teórico, mas é uma pista promissora.
Enquanto isso, o consenso é claro: os benefícios das estatinas para o coração superam qualquer risco não comprovado para o cérebro.
Resumo: O que você precisa lembrar
- Estatinas não causam ALS. Nenhuma autoridade médica séria afirma o contrário.
- Relatos de casos isolados não são evidência científica.
- Usar estatina por mais de 3 anos pode até reduzir o risco de ALS, especialmente em homens.
- Parar a estatina por medo de ALS pode aumentar o risco de infarto ou AVC.
- Se você tem ALS e toma estatina, continue - a menos que seu médico indique o contrário por causa de efeitos colaterais reais.
Seu coração ainda precisa de proteção. E o seu cérebro não está sendo atacado por uma estatina. A ciência já disse isso. A vida real confirma.
Natalia Souza
novembro 1, 2025 AT 01:13serio? eu tomo estatina a 5 anos e acho que se fosse pra causar ALS ja teria aparecido... mas tipo, se vc ta com medo de tudo, vai acabar morrendo de ansiedade antes da ALS chegar. eu tomo porque meu cardiologo disse pra tomar, e ele nao eh um babaca.
Marco Ribeiro
novembro 2, 2025 AT 01:21Como é possível que pessoas ainda acreditem em estudos que não passam de correlações espúrias? A ciência exige rigor, não medo baseado em relatos anedóticos. A FDA, a Mayo Clinic, a EMA - todas as autoridades sérias concordam. Mas claro, quem não lê artigos científicos prefere acreditar em influenciadores do TikTok. Triste, mas previsível.
Mateus Alves
novembro 3, 2025 AT 19:36eu li esse post inteiro e tipo... cadê o resumo? isso aqui parece um trabalho de faculdade. e o pior: o autor parece que quer que a gente confie nele só porque citou uns nomes grandes. mas e se ele for só um bot que copiou o abstract do pubmed? 🤔
Claudilene das merces martnis Mercês Martins
novembro 4, 2025 AT 01:26o mais louco é que todo mundo tá com medo de uma coisa que nem existe, e esquece que parar a estatina pode matar de verdade. meu tio parou por medo de ALS, e 6 meses depois teve um AVC. ele não morreu, mas perdeu a perna. a estatina não é perfeita, mas é melhor que o inferno que vem depois.
Walisson Nascimento
novembro 4, 2025 AT 07:30693 mil vezes? kkkkkkkk isso é mais fake que o preço do bitcoin em 2021. 🤡
Allana Coutinho
novembro 5, 2025 AT 02:47os estudos de Mendelian Randomization têm limitações, mas não podem ser descartados por números grandes. o que importa é o padrão de associação e o contexto biológico. o risco de ALS é mínimo, mas o benefício cardiovascular é robusto. não pare a medicação. mantenha o acompanhamento. sua saúde é um sistema integrado.
Valdilene Gomes Lopes
novembro 6, 2025 AT 14:26ah, claro... a ciência nunca erra, né? só porque a FDA disse que não tem evidência, então tá tudo certo? e os 21% que pararam? será que eles só tinham medo de perder o seguro de vida? 😏
Margarida Ribeiro
novembro 7, 2025 AT 21:55vc tem ALS e toma estatina? então não pare. ponto.